quinta-feira, 28 de março de 2013

Karl Marx - Síntese


KÁTIA BATISTA MARTINS
Aluna especial do Mestrado Profissional em Educação/UFLA 

KARL, Marx. O Capital. Crítica da Economia Política. Livro Primeiro. O Processo de Produção do capital.  Cap. X, XI, XII, XXIV, Vol. II, 14ª Edição.
KARL, Marx. Manuscritos econômico-filosóficos. Trabalho Estranhado e Propriedade Privada.
FONTE, Sandra Soares Della. Escola, Unidade e Diversidade. Reflexões a partir de Karl Marx.

Em seus escritos em “O Capital,percebe-se que o projeto de Marx era entender como funciona o modo de produção capitalista. Marx parte da realidade, da experiência real e daí para os conceitos mais profundos.

O volume I traz essencialmente o modo de produção capitalista a partir do ponto de vista da produção. Não do mercado, não da troca global, mas da produção. O volume II traz a perspectiva da troca. E o volume III fornece matérias sobre a formação das crises e também sobre as regras de distribuição (juros, taxas).

Restringindo ao volume II, Marx, fala sobre a divisão das classes, a expropriação dos camponeses, o lazer como tempo de trabalho. No período do século XIV ao século XVIII, no período de lazer vendia-se a força de trabalho. O valor de uso era aqui necessário para o valor de troca.  Em seguida temos o início da indústria têxtil e posteriormente à reforma que surge no contexto de questionamento da igreja. Então, pregava-se que as pessoas acreditavam que só teriam salvação através do trabalho. Com a usurpação das terras, veio o desencantamento da mesma. Marx retrata aqui que a terra perde seu valor de humanização (como ponto de encontro, valor da terra natal...) a relação que as pessoas tinham com as outras através da terra, Transformação no sentido de terra. Em seguida, com a expulsão dos escoceses, último grande processo de expropriação, Marx fala da limpeza das propriedades “varrer destas os seres humanos”. Aqui ele leva a pensar na condição posterior na qual nós vivemos. Entretanto, ele mostra também que as pessoas resistiram, lutaram para ficar em suas terras.

Com a legislação sanguinária contra os expropriados, o trabalhador só consegue trabalhar a partir do momento que vende sua força de trabalho. Temos então, a necessidade da venda de força de trabalho diante de um capitalista que irá fazer uso dessa força. A massa de trabalhadores foi coagida a cooperar. Foi então instituído um novo modo de vida, considerando que apenas a expulsão das pessoas de suas terras não foi suficiente. Precisou que o estado regulariza-se leis para manter o trabalhador dependente. Marx mostra isso como uma forma de subordinação formal.

Na gênese do arrendatário capitalista, não há capitalista e não há capital sem a exploração de uma outra pessoa, mão de obra que vai gerar mais valia. Aqui o capital é aquilo que volta aos meios de produção. Essa forma se repetiu no Brasil a partir do século XX. Temos aí a expansão do capitalismo. A produção da massa de dinheiro vem do empréstimo do mesmo na seguinte trajetória: Veneza empresta para Holanda → Inglaterra → Estados Unidos e esse último para o mundo. E a lógica aqui é operar sempre para produzir mais. Posteriormente, Marx traz o protecionismo no sentido de proibir a entrada de outros produtos e a exportação para os países dele dependentes.

Logo, temos o proprietário privado, o camponês como proprietário, versus propriedade privada, capitalista, onde o trabalhador é colocado a mercê de um capitalista, ele foi expropriado se sua terra. Cada capitalista precisa expropriar muitos outros capitalistas (concorrência).

Já no capítulo XI, Marx vai mostrar que a produção capitalista vai começar mesmo quando um mesmo capitalista possui um grande número de trabalhadores, produzindo assim em maior escala e fornecendo maior quantidade de produtos. Tem-se então a cooperação, que é a forma de trabalho em que muitos trabalham juntos, de acordo com um plano, no mesmo processo de produção diferentes, mas conexos. Quanto mais trabalhadores, mais mais valia. A quantidade de trabalhadores vai gerar uma qualidade. O valor é igual a tempo, tempo necessário para a produção de uma mais valia. O escravo não tinha propriedade de si, diferente do assalariado que possuía sua força de trabalho. O valor da força de trabalho (mercadoria) é a soma dos valores por ela consumida. O trabalhador não faz uso da sua força de trabalho, quem o faz é o capitalista. Valor excedente é igual a mais valia. O objetivo é aumentar o tempo de produção excedente. Tudo que é produzido como excedente volta para o mercado de produção.
A aglomeração, o aumento de número de trabalhadores que vai gerar a cooperação, com o objetivo de produzir mais em menos tempo.

A constituição de uma jornada coletiva de trabalhador irá receber uma margem mínima. A numeração de trabalhadores vai gerar uma cooperação coletiva. A quantidade produz qualidade. E esse processo vai gerar a perda da individualidade. É, então, preciso um valor que seja destinado aos meios de produção (matéria prima e meios necessários para trabalhar a matéria prima) espaço e instrumentos. O valor depende do valor que a força de trabalho consome. É preciso que as mercadorias reponham o valor empregado. Economia de ter que investir em espaços de produção.

O trabalhador na atividade cooperativa vai perdendo o domínio do seu tempo, mas não da sua força de trabalho, produção. A cooperação acontece de forma mediada pelo capitalista no sentido de maior produtividade. Marx chama esse processo de manufatura, mecanismo onde os órgãos são seres humanos. Aglomeração gera concorrência. A relação que o empregador estabelece com o trabalhador é o capital. Posteriormente, não há trabalho sem uma orientação. A medida em que o trabalhador vai assumindo posição como parte do processo, tem-se a necessidade de uma pessoa para orientar o/no processo. A cooperação é movimentada pelo capitalismo. Aqui,  a  capacidade produtiva do capital tida como natural. Mas, cabe frisar, que em todo o processo, Marx ressalta a resistência dos trabalhadores.
          
As ferramentas não aumentam na mesma proporção da força de trabalho. Na manufatura vai haver uma especialidade de ferramentas e trabalhadores. Toda cooperação que os trabalhadores tem entre si, tem em vista uma produtividade. Assim, cada um é colocado em uma parte do processo, a mercadoria deixa de ser produto individual.  A manufatura não deixa de ser uma divisão social do trabalho, entretanto, mais especializado. Destaca-se aqui, a virtuosidade do trabalhador parcial e mutilado por perder o controle geral da produção. 

Com a chegada da máquina e a indústria moderna, Marx traz em seus escritos, a utilização do cavalo, água, vento até a chegada da máquina a vapor. Máquina tem valor, mas não produz valor, ele deixa isso bem nítido.

Na cooperação, o capital organiza a produção colocando em uma mesma unidade produtiva inúmeros trabalhadores. Economias são realizadas em decorrência do uso em comum de instrumentos de trabalho. A força coletiva, é uma nova força produtiva.

Na manufatura, a divisão do trabalho representa um salto de qualidade em relação a cooperação. Seja originária da concentração em uma mesma oficina de um mesmo ofício ou de ofícios diversos e independentes, a manufatura representa um período de decomposição das atividades dos artesãos. Esse período simplifica, aperfeiçoa e diversifica as ferramentas, adaptando-as as funções exclusivas específicas do trabalhador parcial. Com isso, ela cria uma das condições materiais para a existência da maquinaria, que consiste numa combinação de instrumentos simples.

A máquina tem um maior valor. O valor da mercadoria corresponde ao tempo de trabalho cristalizado na mesma. O aumento da jornada de trabalho é o aumento da mais valia. A jornada de trabalho tem um limite, devido ao limite dos órgãos humanos.

No “trabalho estranhado” dos manuscritos de Marx, ele traz a reflexão acercada divisão capital, trabalho e renda. Ele nos remete a refletir acerca da origem do alienado e do estranhamento. Hoje, estamos dentro de um mecanismo que exige que trabalhemos (produzimos) cada vez mais. Nas relações voltadas para a produção de capital, existe trabalho alienado. Assim, em seu discurso percebe-se que o trabalhador universaliza o trabalho de tal modo que vive apenas dele e para ele. Aqui, Marx traz o ponto central de sua crítica, de homem com caráter emancipatório. Que precisa quebrar algemas, tirar sua venda e ter uma relação externa com a natureza e consigo mesmo.

Concluindo, Sandra Fonte traz as reflexões da escola, unidade e diversidade partindo da obra de Marx. Aqui, em acordo com Marx, a autora traz a unidade como dependente de um universo e não isolada. Portanto, ser humano como ser objetivo precisa do outro. A defrontação, a relação, eu só me efetivo na relação com o outro (que tem algo que eu não tenho). No sentido em que houve um trabalho e a natureza foi transformada pela ação dos homens, nas produções culturais. Ela retrata aqui, a relação que estamos deixando de ter com as produções culturais. Ela argumenta a necessidade de o ser humano se aproximar de suas produções culturais e não ficar restrito em sua produção física imediata (o trabalho, a mercadoria como fetiche). Aqui, partindo de Marx, a autora traz o fetiche como uma forma de alienação, onde o trabalhador vai supervalorizar o dinheiro, enquanto esse último lhe dá o poder de possuir todos os tipos de bens materiais, desvalorizando  assim as ações e produções humanas.  Para Fonte, a essência humana é algo de caráter histórico. Ela traz a diversidade como elemento de desigualdade, de luta de classes, com deslocamento também para as questões culturais, discutindo as diferenças étnicas culturais.  Para ela a resistência se dá na medida em que o trabalhador reconhece sua alienação. Ou seja, o trabalhador vai percebendo sua alienação, a medida que vai reconhecendo os processos da alienação. Segundo a autora, a diferença é produzida a partir do capitalismo e se expande cada vez mais. Assim, ela propõe uma dialética da diversidade. Ela convida a pensar a diferença, a universalidade a partir do pensamento marxista e a diferenciar a diferença social das outras diferenças.

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