KÁTIA BATISTA MARTINS
Aluna especial do Mestrado Profissional em Educação/UFLA
KARL, Marx.
O Capital. Crítica da Economia
Política. Livro Primeiro. O Processo de Produção do capital. Cap. X, XI, XII, XXIV, Vol. II, 14ª Edição.
KARL,
Marx. Manuscritos econômico-filosóficos.
Trabalho Estranhado e Propriedade Privada.
FONTE,
Sandra Soares Della. Escola, Unidade e Diversidade. Reflexões a partir de Karl
Marx.
Em seus escritos em
“O Capital,” percebe-se que o projeto
de Marx era entender como funciona o modo de produção capitalista. Marx parte
da realidade, da experiência real e daí para os conceitos mais profundos.
O volume I traz
essencialmente o modo de produção capitalista a partir do ponto de vista da
produção. Não do mercado, não da troca global, mas da produção. O volume II
traz a perspectiva da troca. E o volume III fornece matérias sobre a formação
das crises e também sobre as regras de distribuição (juros, taxas).
Restringindo ao
volume II, Marx, fala sobre a divisão das classes, a expropriação dos camponeses,
o lazer como tempo de trabalho. No período do século XIV ao século XVIII, no
período de lazer vendia-se a força de trabalho. O valor de uso era aqui necessário
para o valor de troca. Em seguida temos
o início da indústria têxtil e posteriormente à reforma que surge no contexto
de questionamento da igreja. Então, pregava-se que as pessoas acreditavam que
só teriam salvação através do trabalho. Com a usurpação das terras, veio o
desencantamento da mesma. Marx retrata aqui que a terra perde seu valor de
humanização (como ponto de encontro, valor da terra natal...) a relação que as
pessoas tinham com as outras através da terra, Transformação no sentido de
terra. Em seguida, com a expulsão dos escoceses, último grande processo de
expropriação, Marx fala da limpeza das propriedades “varrer destas os seres humanos”. Aqui ele leva a pensar na
condição posterior na qual nós vivemos. Entretanto, ele mostra também que as
pessoas resistiram, lutaram para ficar em suas terras.
Com a legislação
sanguinária contra os expropriados, o trabalhador só consegue trabalhar a
partir do momento que vende sua força de trabalho. Temos então, a necessidade
da venda de força de trabalho diante de um capitalista que irá fazer uso dessa
força. A massa de trabalhadores foi coagida a cooperar. Foi então instituído um
novo modo de vida, considerando que apenas a expulsão das pessoas de suas
terras não foi suficiente. Precisou que o estado regulariza-se leis para manter
o trabalhador dependente. Marx mostra isso como uma forma de subordinação
formal.
Na gênese do
arrendatário capitalista, não há capitalista e não há capital sem a exploração
de uma outra pessoa, mão de obra que vai gerar mais valia. Aqui o capital é
aquilo que volta aos meios de produção. Essa forma se repetiu no Brasil a
partir do século XX. Temos aí a expansão do capitalismo. A produção da massa de
dinheiro vem do empréstimo do mesmo na seguinte trajetória: Veneza empresta
para Holanda → Inglaterra → Estados Unidos e esse último para o mundo. E a
lógica aqui é operar sempre para produzir mais. Posteriormente, Marx traz o
protecionismo no sentido de proibir a entrada de outros produtos e a exportação
para os países dele dependentes.
Logo, temos o
proprietário privado, o camponês como proprietário, versus propriedade privada,
capitalista, onde o trabalhador é colocado a mercê de um capitalista, ele foi
expropriado se sua terra. Cada capitalista precisa expropriar muitos outros
capitalistas (concorrência).
Já no capítulo XI,
Marx vai mostrar que a produção capitalista vai começar mesmo quando um mesmo
capitalista possui um grande número de trabalhadores, produzindo assim em maior
escala e fornecendo maior quantidade de produtos. Tem-se então a cooperação,
que é a forma de trabalho em que muitos trabalham juntos, de acordo com um
plano, no mesmo processo de produção diferentes, mas conexos. Quanto mais trabalhadores,
mais mais valia. A quantidade de trabalhadores vai gerar uma qualidade. O valor
é igual a tempo, tempo necessário para a produção de uma mais valia. O escravo
não tinha propriedade de si, diferente do assalariado que possuía sua força de
trabalho. O valor da força de trabalho (mercadoria) é a soma dos valores por
ela consumida. O trabalhador não faz uso da sua força de trabalho, quem o faz é
o capitalista. Valor excedente é igual a mais valia. O objetivo é aumentar o
tempo de produção excedente. Tudo que é produzido como excedente volta para o
mercado de produção.
A aglomeração, o aumento de
número de trabalhadores que vai gerar a cooperação, com o objetivo de produzir
mais em menos tempo.
A
constituição de uma jornada coletiva de trabalhador irá receber uma margem
mínima. A numeração de trabalhadores vai gerar uma cooperação coletiva. A
quantidade produz qualidade. E esse processo vai gerar a perda da
individualidade. É, então, preciso um valor que seja destinado aos meios de
produção (matéria prima e meios necessários para trabalhar a matéria prima)
espaço e instrumentos. O valor depende do valor que a força de trabalho
consome. É preciso que as mercadorias reponham o valor empregado. Economia de
ter que investir em espaços de produção.
O
trabalhador na atividade cooperativa vai perdendo o domínio do seu tempo, mas
não da sua força de trabalho, produção. A cooperação acontece de forma mediada
pelo capitalista no sentido de maior produtividade. Marx chama esse processo de
manufatura, mecanismo onde os órgãos são seres humanos. Aglomeração gera
concorrência. A relação que o empregador estabelece com o trabalhador é o
capital. Posteriormente, não há trabalho sem uma orientação. A medida em que o
trabalhador vai assumindo posição como parte do processo, tem-se a necessidade
de uma pessoa para orientar o/no processo. A cooperação é movimentada pelo
capitalismo. Aqui, a capacidade produtiva do capital tida como
natural. Mas, cabe frisar, que em todo o processo, Marx ressalta a resistência
dos trabalhadores.
As
ferramentas não aumentam na mesma proporção da força de trabalho. Na manufatura
vai haver uma especialidade de ferramentas e trabalhadores. Toda cooperação que
os trabalhadores tem entre si, tem em vista uma produtividade. Assim, cada um é
colocado em uma parte do processo, a mercadoria deixa de ser produto
individual. A manufatura não deixa de
ser uma divisão social do trabalho, entretanto, mais especializado. Destaca-se
aqui, a virtuosidade do trabalhador parcial e mutilado por perder o controle
geral da produção.
Com
a chegada da máquina e a indústria moderna, Marx traz em seus escritos, a
utilização do cavalo, água, vento até a chegada da máquina a vapor. Máquina tem
valor, mas não produz valor, ele deixa isso bem nítido.
Na cooperação, o
capital organiza a produção colocando em uma mesma unidade produtiva inúmeros
trabalhadores. Economias são realizadas em decorrência do uso em comum de
instrumentos de trabalho. A força coletiva, é uma nova força produtiva.
Na manufatura, a
divisão do trabalho representa um salto de qualidade em relação a cooperação.
Seja originária da concentração em uma mesma oficina de um mesmo ofício ou de
ofícios diversos e independentes, a manufatura representa um período de
decomposição das atividades dos artesãos. Esse período simplifica, aperfeiçoa e
diversifica as ferramentas, adaptando-as as funções exclusivas específicas do
trabalhador parcial. Com isso, ela cria uma das condições materiais para a
existência da maquinaria, que consiste numa combinação de instrumentos simples.
A máquina tem um
maior valor. O valor da mercadoria corresponde ao tempo de trabalho
cristalizado na mesma. O aumento da jornada de trabalho é o aumento da mais
valia. A jornada de trabalho tem um limite, devido ao limite dos órgãos humanos.
No “trabalho
estranhado” dos manuscritos de Marx, ele traz a reflexão acercada divisão
capital, trabalho e renda. Ele nos remete a refletir acerca da origem do
alienado e do estranhamento. Hoje, estamos dentro de um mecanismo que exige que
trabalhemos (produzimos) cada vez mais. Nas relações voltadas para a produção
de capital, existe trabalho alienado. Assim, em seu discurso percebe-se que o
trabalhador universaliza o trabalho de tal modo que vive apenas dele e para
ele. Aqui, Marx traz o ponto central de sua crítica, de homem com caráter
emancipatório. Que precisa quebrar algemas, tirar sua venda e ter uma relação
externa com a natureza e consigo mesmo.
Concluindo, Sandra
Fonte traz as reflexões da escola, unidade e diversidade partindo da obra de Marx.
Aqui, em acordo com Marx, a autora traz a unidade como dependente de um
universo e não isolada. Portanto, ser humano como ser objetivo precisa do
outro. A defrontação, a relação, eu só me efetivo na relação com o outro (que
tem algo que eu não tenho). No sentido em que houve um trabalho e a natureza
foi transformada pela ação dos homens, nas produções culturais. Ela retrata
aqui, a relação que estamos deixando de ter com as produções culturais. Ela
argumenta a necessidade de o ser humano se aproximar de suas produções
culturais e não ficar restrito em sua produção física imediata (o trabalho, a
mercadoria como fetiche). Aqui, partindo de Marx, a autora traz o fetiche como
uma forma de alienação, onde o trabalhador vai supervalorizar o dinheiro,
enquanto esse último lhe dá o poder de possuir todos os tipos de bens
materiais, desvalorizando assim as ações
e produções humanas. Para Fonte, a
essência humana é algo de caráter histórico. Ela traz a diversidade como
elemento de desigualdade, de luta de classes, com deslocamento também para as
questões culturais, discutindo as diferenças étnicas culturais. Para ela a resistência se dá na medida em que
o trabalhador reconhece sua alienação. Ou seja, o trabalhador vai percebendo
sua alienação, a medida que vai reconhecendo os processos da alienação. Segundo
a autora, a diferença é produzida a partir do capitalismo e se expande cada vez
mais. Assim, ela propõe uma dialética da diversidade. Ela convida a pensar a
diferença, a universalidade a partir do pensamento marxista e a diferenciar a
diferença social das outras diferenças.
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